Natal, para quem é a cidade onde nós vivemos?
No último domingo enquanto realizava um passeio de carro pela orla entre Pitangui e Jacumã em um trecho aberto para a circulação de veículos, o meu pai foi abordado por uma fiscalização da DELEGACIA DO TURISMO. Segundo ele relatou, essa fiscalização estava acompanhada de três viaturas tipo pickup com policiais dentro. Extremamente bem equipados e armados.
Pararam o meu pai na beira da praia e lhe disseram que estava proibido circular por ali pois há uma lei recente que permite o uso da orla do nosso Estado somente para bugreiros credenciados e passeios turísticos. Nós, cidadãos Potiguares não podemos mais! Está proibido andar em nossa terra!
Nós frequentamos Pitangui desde que eu era molequinho. Quando meu pai comprou um terreno, Pitangui era daqueles lugares onde chegar era difícil. Estradas de terra e somente 4x4 para chegar até o terreno comprado. Passamos muito tempo deixando o carro há cerca de 1 km da casa carregando no braço tudo o que precisava para passar alguns dias na casa de praia "de taipa".
Provavelmente fizemos parte dos primeiros veranistas a chegar em Pitangui.
Hoje, nós que vivemos neste Estado. Nós que fazemos este Estado não podemos mais utilizar os espaços que são nossos. Mas o turista que passa dez ou quinze dias por aqui pode!
Doi ouvir em reportagens que o calçadão de Ponta Negra está destruído e isso "ESPANTA OS TURISTAS". Ou ainda que Natal está muito violenta e os turistas estão deixando de vir por aqui.
É inegavel a importância do turismo para nossa economia.
Mas, e EU? E o MEU PAI? E VOCÊ?
Nós não podemos mais usar e viver na nossa terra? Nós precisamos abdicar do que é nosso para turista ver?
Será que os gestores não pensam? Gente, uma boa cidade ou qualquer outro local é bom quando as pessoas que ali vivem são felizes! E para ser felizes precisam ter as suas necessidades atendidas! Saúde, seguraça, lazer, bons espaços públicos e o DIREITO DE PODER USAR seja por qual motivo for!
Ou será que Natal e o RN será sempre MAQUIADO PARA TURISTA VER?!?!? E nós? Seremos jogados para debaixo do tapete como lixo que precisar ser escondido?
Quando o bom turista chega a um local, este quer ver como vivem as pessoas da região. Além dos atrativos naturais e criados, o turista quer ver a feira do Alecrim, os shoppings que frequentamos e principalmente, conhecer a cutura local!
E que cultura é essa que é fabricada? O que o turista que aqui vem, encontrará além de outros turistas com suas bundas sentadas nos bugres circulando pra lá e pra cá enquanto a nós cabe apenas assistir?
Após a reforma do calçadão de Ponta Negra A POPULAÇÃO DE NATAL adotou aquele espaço como área de lazer. E era maravilhoso! Eu vivi aquele espaço! Em função disso Natal se tornou mais atrativa e vieram os turistas bons e os péssimos.
Infelizmente nossos gestores atiraram no nosso próprio pé quando se vislumbraram com os ganhos mas não investiram, por exemplo, em coibir a chegada dos sexo turistas ou dos traficantes turistas! Aqui tudo se podia!
E a nossa população foi expulsa do calçadão de Ponta Negra. Subimos para a Rua do Salsa onde a NOSSA POPULAÇÃO frequentava. Era lindo!!!
Novamente fomos expulsos pela droga, pela prostituição e pela total inoperância do Estado.
Hoje nossa cidade não é mais o mesmo centro de atração para o turismo. A nossa população está desenganada, trancada, com poucos espaços para lazer e agora temos o próprio ESTADO limitando mais ainda.
Até quando nós, Natalenses e Potiguares seremos cúmplice dessa agressão? Até quando ficaremos com nossas bundas no sofá assistindo pela TV o nosso Estado e nossa cidade afundar na hipocrisia mentirosa dos nossos gestores que fazem leis para eles e nos tiram os nossos direitos?
Cito ainda mais um questionamento feito por meu querido Velho: - "porque nós não temos o mesmo direito a segurança que o turista? Nós deixamos de frequentar a nossa casa em Pitangui por medo de sofrer alguma violência. Mas o turista tem tudo!".
Nós não usamos mais a nossa casa em Pitangui por, não digo medo, mas pânico de sofrer algum tipo de violência devido a completa falta da presença do Estado em nosso Estado.