quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Natal, para quem é a cidade onde nós vivemos?

 
No último domingo enquanto realizava um passeio de carro pela orla entre Pitangui e Jacumã em um trecho aberto para a circulação de veículos, o meu pai foi abordado por uma fiscalização da DELEGACIA DO TURISMO. Segundo ele relatou, essa fiscalização estava acompanhada de três viaturas tipo pickup com policiais dentro. Extremamente bem equipados e armados.

Pararam o meu pai na beira da praia e lhe disseram que estava proibido circular por ali pois há uma lei recente que permite o uso da orla do nosso Estado somente para bugreiros credenciados e passeios turísticos. Nós, cidadãos Potiguares não podemos mais! Está proibido andar em nossa terra!

Nós frequentamos Pitangui desde que eu era molequinho. Quando meu pai comprou um terreno, Pitangui era daqueles lugares onde chegar era difícil. Estradas de terra e somente 4x4 para chegar até o terreno comprado. Passamos muito tempo deixando o carro há cerca de 1 km da casa carregando no braço tudo o que precisava para passar alguns dias na casa de praia "de taipa".

Provavelmente fizemos parte dos primeiros veranistas a chegar em Pitangui.

Hoje, nós que vivemos neste Estado. Nós que fazemos este Estado não podemos mais utilizar os espaços que são nossos. Mas o turista que passa dez ou quinze dias por aqui pode!

Doi ouvir em reportagens que o calçadão de Ponta Negra está destruído e isso "ESPANTA OS TURISTAS". Ou ainda que Natal está muito violenta e os turistas estão deixando de vir por aqui.

É inegavel a importância do turismo para nossa economia.

Mas, e EU? E o MEU PAI? E VOCÊ?

Nós não podemos mais usar e viver na nossa terra? Nós precisamos abdicar do que é nosso para turista ver?

Será que os gestores não pensam? Gente, uma boa cidade ou qualquer outro local é bom quando as pessoas que ali vivem são felizes! E para ser felizes precisam ter as suas necessidades atendidas! Saúde, seguraça, lazer, bons espaços públicos e o DIREITO DE PODER USAR seja por qual motivo for!

Ou será que Natal e o RN será sempre MAQUIADO PARA TURISTA VER?!?!? E nós? Seremos jogados para debaixo do tapete como lixo que precisar ser escondido?

Quando o bom turista chega a um local, este quer ver como vivem as pessoas da região. Além dos atrativos naturais e criados, o turista quer ver a feira do Alecrim, os shoppings que frequentamos e principalmente, conhecer a cutura local!

E que cultura é essa que é fabricada? O que o turista que aqui vem, encontrará além de outros turistas com suas bundas sentadas nos bugres circulando pra lá e pra cá enquanto a nós cabe apenas assistir?

Após a reforma do calçadão de Ponta Negra A POPULAÇÃO DE NATAL adotou aquele espaço como área de lazer. E era maravilhoso! Eu vivi aquele espaço! Em função disso Natal se tornou mais atrativa e vieram os turistas bons e os péssimos.

Infelizmente nossos gestores atiraram no nosso próprio pé quando se vislumbraram com os ganhos mas não investiram, por exemplo, em coibir a chegada dos sexo turistas ou dos traficantes turistas! Aqui tudo se podia!

E a nossa população foi expulsa do calçadão de Ponta Negra. Subimos para a Rua do Salsa onde a NOSSA POPULAÇÃO frequentava. Era lindo!!!

Novamente fomos expulsos pela droga, pela prostituição e pela total inoperância do Estado.

Hoje nossa cidade não é mais o mesmo centro de atração para o turismo. A nossa população está desenganada, trancada, com poucos espaços para lazer e agora temos o próprio ESTADO limitando mais ainda.

Até quando nós, Natalenses e Potiguares seremos cúmplice dessa agressão? Até quando ficaremos com nossas bundas no sofá assistindo pela TV o nosso Estado e nossa cidade afundar na hipocrisia mentirosa dos nossos gestores que fazem leis para eles e nos tiram os nossos direitos?


Cito ainda mais um questionamento feito por meu querido Velho: - "porque nós não temos o mesmo direito a segurança que o turista? Nós deixamos de frequentar a nossa casa em Pitangui por medo de sofrer alguma violência. Mas o turista tem tudo!".

Nós não usamos mais a nossa casa em Pitangui por, não digo medo, mas pânico de sofrer algum tipo de violência devido a completa falta da presença do Estado em nosso Estado.

domingo, 28 de outubro de 2012

Juntamente com a Bicicletada Natal realizamos no último sábado (27 de outubro de 2012) uma intervenção na Av Ayrton Senna aqui em Natal.

A intervenção teve como objetivo tentar sensibilizar os motoristas que trafegam na via sobre a importância de respeitar a ciclofaixa existente na via.

Os principais pontos de agressão a ciclofaixa estão localizados nas proximidades e em frente a alguns bares que ocuparam de forma irregular os canteiros, áreas públicas que agora são utilizadas de forma irregular.



Bar situado em uma das extremidades da ciclofaixa e um dos pontos mais críticos. Até o proprietário estaciona o próprio carro do dia inteiro.



Membros da Bicicletada Natal com faixas educativas.









No dia anterior a intervenção durante entrevista a TV Câmara um sujeito bêbado e se apresentando como policial civil e mostrando o documento comprobatório, veio "tirar satisfação" pois se sentiu ofendido pelo fato de a câmara estar direcionada para o seu carro que estava estacionado sobre a ciclofaixa.

A nossa intervenção foi realizada com a presença de vários outros colegas ciclistas. Fizemos panfletagem esclarecendo os motoristas o que estávamos fazendo ali e exibimos faixas que pediam o respeito a ciclofaixa.

Com a colaboração da nossa colega cicloativista Luana Mester que fez a imagens apresentamos o VÍDEO da atividade.

Apreciem sem moderação!!!



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Primeiras palavras .....


No segundo semestre do ano de 2011 uma chama foi acesa. Ao assistir a apresentação do projeto de adequação da Av Eng. Roberto Freire em Natal muita coisa passou a perambular pela minha cabeça.

Muitos questionamentos surgiram nos dias seguintes e, entre eles:
- Por que investir 220 milhões em apenas 4 km de vias para acomodar mais carros?
- Por que destruir parte de uma área de preservação para acomodar mais carros?
- Por que, apesar de todo esse investimento e dano ambiental, a vida útil prevista será de apenas 15 anos e após esse tempo, uma nova intervenção será necessária para acomodar mais carros?
- Por que somente dentro dos 4 km os carros terão uma via excepcional no que se refere a mobilidade enquanto que nas duas extremidades a previsão dos técnicos será de aumento de congestionamentos?

Após alguns meses matutando e pesquisando, algumas respostas apareceram e entre elas uma resposta-pergunta:
- Por que, simplesmente, não repensam a cidade como "um todo" e planejam um sistema eficiente de transporte público que retiraria muitos carros das ruas, não haveria gastos astronômicos e progressivos na construção e adequação de novas vias além de dar as pessoas a possibilidade de escolher meios de transporte alternativos como a bicicleta e até mesmo caminhar?!?!?!

Bom, depois de tanto ferver os neurônios percebi que tenho um grande potencial! Sou arquiteto e urbanista de formação, ciclista por paixão e usuário da cidade, suas ruas, praças, praias e tudo o mais que os passeios com meu filho de pouco mais de dois anos de idade me proporcionaram.

Então, por que não começar a desenvolver um trabalho voltado para tentar mudar o perfil da cidade onde moro procurando torná-la uma cidade verdadeiramente para as pessoas e não para os veículos!

Juntamente com os amigos que fazem o Movimento Bicicletada Natal estou desenvolvendo minhas capacidades críticas relacionadas ao assunto mobilidade urbana. Em paralelo tive a oportunidade de conhecer a proposta do arquiteto e urbanista Jan Gehl que trata de cidades para pessoas.

E agora estou aqui, iniciando este blogue como pontapé inicial para o que pretendo tornar um marco em minha vida e uma forma de ajudar as pessoas a entender que em Natal muita coisa pode mudar para melhor.

Biketour

Já pensou em conhecer a sua própria cidade pedalando uma bicicleta?

Pois apresento aqui essa grande ideia e maravilhosa experiência! Você irá se surpreender ao descobrir uma nova cidade. Uma cidade que não pode ser vista devido a velocidade do automóvel e ao stress do trânsito.

Experimente!

Junte alguns amigos em um domingo de sol, façam um roteiro prévio e saiam pedalando pelas ruas, praias e avenidas de sua cidade. Você descobrirá novas vias, verá novos prédios, poderá apreciar os antigos e, principalmente, irá descobrir um meio extremamente prazeroso, simples e barato de fazer turismo. E se isso pode ser feito em sua própria cidade, então mude de ares e conheça outras cidades levando sua bike ou alugando uma no destino.

E foi o que eu e um grupo de amigos, dois de São Paulo realizamos no último dia 14 de outubro. Percorremos as ruas de Natal/RN pedalando nossas bicicletas.





Sentimos a brisa do mar e vislumbramos a paisagem da orla natalense ao trafegar pela ciclovia-calçada da Via Costeira.











Apreciamos pelas paisagens tendo ao fundo um dos mais famosos cartões-postais de Natal, o Morro do Careca situado na praia de Ponta Negra.






Conhecemos a Fortaleza dos Reis Magos. Uma construção de caráter militar erguida na boca do Rio Potengi por onde chegamos após passar pelas Praias: dos Artistas, do Meio e do Forte.

Dentro da fortaleza saboreamos um delicioso coco verde, excelente opção para matar a sede e renovar as energias.



Deixando a fortaleza seguimos em direção ao bairro da Ribeira. Local onde Natal surgiu e paramos no prédio da Rampa, antiga torre de controle e apoio aos hidroaviões que pousavam e decolavam do Rio Potengi durante a Segunda Grande Guerra.








O prédio encontra-se sem uso, porém bem preservado e aos cuidados do governo do estado. Lá conhecemos o policial responsável pela guarda que nos permitiu adentrar e conhecer toda a estrutura, inclusive permitindo subir até o local da torre de onde apreciamos a bela vista do Rio Potengi e da ponte Newton Navarro.




Da Rampa seguimos pelo Canto do Mangue onde saboreamos a tradicional jinga com tapioca na barraca do Sr Pernambuco.

Continuamos pela Ribeira, desta vez pela Rua Chile. Antigo (porém não muito) reduto boêmio. Esta rua passou por uma grande revitalização na década de 90. Lá funcionavam bares, boates e aconteceram diversos eventos culturais que sacudiram a cidade.




Atualmente encontra-se bastante diferente dos dias reluzentes de outrora com seus casarões centenários em ruínas, desfigurados e abandonados.